sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

...por que não?...

Bom, eu sei que matei esse blog, mas ele é meu e faço o que quiser com ele, então se eu quiser postar nele algum dia, eu posto e pronto!

Fico sempre bobo em final de ano... Lembro as coisas que aconteceram, confundo com coisas do ano anterior, misturo tudo, e sempre me parece que o saldo foi positivo... Mas não importa, essa época do ano é algo magnífico, e esse espírito merece ser plenamente vivido, pois nos torna pessoas melhores. Uma vez ouvi a seguinte frase, m
eio brega, confesso, mas que explica ótimamente esse tempo, ao menos para mim:

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial".

Nada como ter um começo para poder recomeçar. E nada como ter um fim para pesar as coisas... E para "ajudar" nesse momento, vou colocar uma tira do Calvin que muito me diz, e que tentarei falar um pouco sobre a seguir:

A tira é simplesmente fantástica, me dá uma coisa que eu não sei explicar. Não gosto de ser muito subjetivista, mas é que, não sei se pelas ocasiões que olhei essa tira, ou de momentos a que ela me remete, não sei, mas ela fala demais. E, como sempre, tudo aquilo que mais me toca, eu não consigo escrever...

Calvin é um menino por demais genial para que uma tira desse tipo seja apenas uma tira. Ainda mais por ser a última tira de todas. E, o interessante, é que é uma tira extremamente positiva.

Coloca a mudança, aquela mudança inesperada (ou mesmo esperada e premeditada), como uma oportunidade, uma renovação, "a brand-new world", com um sem número de possibilidades, ou, para ser mais preciso, uma nova chance. Uma nova chance de recomeçar, de fazer melhor o que queremos fazer, ou o que temos que fazer. De sonhar sem barreiras. Como o próprio Hobbes coloca, "It's like having a big white sheet of paper to draw on!" ("É como ter uma grande folha em branco para desenhar!"). Acredito que, para aqueles que desenham, como é o caso do criador do Calvin, não existe metáfora melhor que essa.

"É um mundo mágico, Hobbes, velho amigo... Vamos explorar!"

Explorar é a palavra chave talvez. Quando se está no intuição vivencial de "exploração", os sentidos se encontram alertas para novidades, para a realidade, para as coisas, para o mundo; para fora de nós mesmos, resumindo. Não acredito que as respostas para as coisas do mundo estejam em nós mesmos, no ego de cada um conversando consigo mesmo. Não mesmo... Exemplos de individualismo sempre deram em cilada no final (bons exemplos estão no futebol).

Mas um ponto interessante nessa tirinha é o movimento final. Ela realmente encerra o ciclo de tiras do Calvin. Todas que me lembre que eles estão ou no trenó ou no carrinho de carregar coisas, eles passam pelo plano de foto do quadrinho, mas terminam parados, ou pelo menos, no foco. Essa não, eles terminam de costas, se afastando... Felizes. Essa idéia do movimento, essa brincadeira constante deles dois com os carrinhos é uma metáfora muito interessante para o passar do tempo, para o crescimento, para o futuro. E, nesse caso em especial, o final não é fechado, não possui uma moral, mas é aberto... É o futuro simplesmente. E que merece ser explorado e vivido, like a big white sheet of paper... Não há limites, apenas possibilidades. E aqui cabe novamente a frase que mais gosto e já coloquei aqui algumas vezes, "porque se chamavam homens/ também se chamavam sonhos/ e sonhos não envelhecem". Talvez seja esse o motivo pelo qual o desenhista do Calvin nunca o tenha feito crescer. O pensamento analítico do garoto é de um adulto (e percebemos isso em especial quando ele tenta fazer as coisas para si mesmo, voltado para seu próprio benefício), mas ainda com sonhos de criança, com amigos de criança, modos de criança, vida de criança. Na tirinha a seguir conseguimos ver isso de maneira muito clara. Ela é grande (na verdade é uma grande sequência), mas é das mais geniais do personagem.



Esse espírito infantil está presente, inclusive, na mãe do Calvin, quando no momento de preocupação, abraça Haroldo e começa a falar com ele. Este, no entanto, não vira um tigre de verdade, pois não é vivido de maneira completa. Ainda há o estigma de adulto na mãe do Calvin, e este transparece na frase final dela. Quanto ao Calvin, o momento mais infantil dele é na última tira, caracterizado pelo abandono e dependência dele no outro, e é disso que eu falava quando comentei sobre o individualismo. A verdadeira alma humana, a essência do homem, está nessa confiança no outro. Talvez até mais que confiança, e sim de entrar no mundo do outro, no conceito de compaixão, que é partilhar em si o que o outro sente, entender seus sentimentos e tomar para si. Isso se aplica na alegria, tristeza, euforia, dúvida, etc. Pode parecer meio chavão um comentário desse a essa altura do campeonato, mas, infelizmente (ou, para mim, felizmente), é a realidade, e se vivemos nela, é assim que ela se mostra.

Enfim, como falei, final de ano me deixa meio tonto...