quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

...as coisas como elas são...

Esse é um post deslocado. É simplesmente um comentário pontual de uma situação que aconteceu, e que vi que talvez valesse a pena escrever sobre, e tratar brevemente e de forma tímida sobre.

Não tem nada tão bom quanto conseguir enxergar as coisas como elas são. Isso é, simplesmente, aliviador. Estou falando da realidade em si, das relações, e de tudo que rodeia e permeia nossas vidas.

No último post do ano passado, no qual se comentou a respeito das tirinhas do Calvin, me vem na cabeça isso. Agora mais claro do que nunca. Ver claramente as coisas é a chave para viver. O homem tende a criar situações, a criar mundos paralelos nas coisas, procurar motivos dentro daquilo que simplesmente é o que é, e criar até mesmo fatos (ou interpretações de fatos) para adequar a realidade à maneira que melhor lhe convém naquele momento.

E isso só acontece se o homem se fecha. Fecha a si mesmo de receber do mundo o que ele se dispõe naturalmente a oferecer. E que é tão bom o que ele nos oferece! Tanto em relacionamentos com outras pessoas, quanto no simples vivenciar fenomenologicamente a realidade, e receber sensivelmente aquilo que chega a nós.

Calvin naquela última tirinha fecha com a frase "It's a magical world, Hobbes, ol'buddy... Let's go exploring!". Comentei essa mesma coisa a respeito dessa frase, mas é estranho como, de repente, ela se torna muito mais paupável e clara, e como a chave para viver. Pois o mundo é realmente mágico, o homem é um ser mágico, no sentido de ser complexo e misterioso, e desvendar o homem é uma façanha que muitos tentam empreender. E, acredito, que só se o faz bem quando se está empenhado em verificar na realidade o que nela acontece. Quando se está proposto a se abrir à realidade. A deixar-se permear por essa realidade. A sofrer eventualmente o que essa realidade pode oferecer (pois é a única coisa que ela pode. É o que ela é).

O que me lembra uma das músicas que mais gosto do Pat Metheny, que se chama "As it is". É instrumental, portanto, num tenho como falar da letra, mas ela vale ser ouvida.



A melodia da música é simples, ela, a meu ver, apresenta claramente esse abrir-se. Estar para o mundo, e comprometer-se em aceitar o que ele nos mostra. Comprometer-se pois nem sempre é o que queremos ver, mas sim algo que pode doer, que podemos querer discordar, que não vemos lógica em aceitar, etc. Mas que é como as coisas são. "Let's go exploring!", e explorar e aceitar o que encontramos. Simplesmente aceitar "As it is"...

Nunca quis fazer desse blog algo pessoal, que eu contasse causos internos meus, ou coisas pessoais. Acho que já existem blogs demais desse tipo, e que o que eu sinto não realmente interessa aos outros, que ninguém de verdade se interessa pelo tenho a dizer. Mas, na verdade? Acho que me iludi nisso... Meu blog SEMPRE foi assim, nunca teve acessos significativos, nem comentários nem nada. Assim, a existência dele já foi um extravasamento per si, e que, realmente, nunca interessou aos outros, mas que foi bom escrever! Foi bom pensar e colocar tudo isso aqui, para que eu mesmo lêsse, e visse como as coisas mudaram, evoluiram, ou quanta besteira eu falei, etc. E, junto disso, eu consigo agora ver bem mais claramente como as coisas são... Pessoalmente e extra-pessoalmente, e intra-pessoalmente. E estou feliz com isso... Muito feliz e aliviado!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

...meu melhor texto...

Bom, já que esse blog está bastante avacalhado (terminou, mas nem tanto; está no ar, mas ninguém entra; ainda existe, mas ninguém posta...), vou tratar de aceitar sua situação e começar a avacalhar também. Postarei a seguir o melhor texto que já escrevi na vida. Trata-se de um comentário a cerca de um evento que aconteceu ano passado, quando adubaram os jardins da minha amada faculdade, a famosa FAU. É ao menos divertido... Havia me esquecido dele, mas encontrei no site da Lú, nossa companheira noturna na FAU. Espero que apreciem!


Só resta bosta sobre bosta - ou uma visão histórico-sociológica sobre o presente odor FAU-USPiano (ou apenas um texto para entrar na brincadeira...)

Por: Eduardo Camillo K. Ferreira
digerindoarte.blogspot.com

São realmente interessantes os comentários que se vêm delineando a respeito da nova ambientação da FAU, principalmente o que se tem falado sobre seu odor temporário (tempo esse que já se delonga por incontáveis duas semanas e meia). Mas há um ponto que não se tem atentado, que é o fato de essa atitude dialogar com o contexto pós-moderno da sociedade, e o presente texto visa justamente expor e justificar essa posição.

Sem entrar no mérito da justificativa ou não desse termo (o pós-moderno), assumamos como o que aconteceu em seqüência ao alto modernismo. A movimentação do centro artístico mundial da Europa para os Estados Unidos, mais precisamente em Nova York e o expressionismo abstrato; observamos que a bosta aí começa. Não, caros amigos, não estou tentando subverter algo incomparavelmente gracioso como a sólida obra de Pollock, mas sim o contexto por detrás de tudo que aconteceu.

A transposição desse centro para a América expõe a fragilidade anteriormente presente na produção européia, desde seus primórdios modernos, o impressionismo. Desse ponto em diante, a liberdade do artista se mostrou inclusive maior que seu próprio ego, e a palavra novidade foi o paradigma instaurado no meio de produção das artes, com a eleição de intérpretes conceituais, os chamados críticos, para abrir os olhos dos ignorantes frente a essa enxurrada de projetos artísticos tão "avant-garde" quanto o urinol dentro do museu. É aqui que começou o redemoinho digestivo, que mais tarde acarretaria na diarréia presente na FAU.

Enfim, dentro desses movimentos artísticos europeus, o grau de idealismo presente em todos, desde as vertentes positivas até as negativas, foi algo realmente louvável, embora tenha sido a primeira flatulência do por vir "esmerdeio". A idealização do ente homem como algo lógico acabou por levar ao fracasso a odisséia moderna, já que estes esqueceram do indivíduo e seu subjetivo (vagamente lembrado apenas no expressionismo alemão). É nesse ponto, amplificado pelo pós-II Guerra e seu subseqüente "individualismo", que encontramos esse teletransporte transatlântico (ou trans-asio-pací¬fico, dependendo da referência), quando a potência americana tomou para si o posto de cabeça do mundo das artes, justamente com um movimento artístico individualista e egocêntrico como foi o expressionismo abstrato, temerosamente e desastrosamente copiado por artistas ingleses, que construíram um histórico de obras extremamente frágeis, e que reafirmavam a fragilidade do homem ideal positivista (Argan). Aqui, já estamos na "freada na cueca".

A história nos mostra que a seqüência dessa história desembocaria nos movimentos subjetivistas setentistas, onde a arte conceitual e o universo particular de cada artista passariam a ser a "bosta paradigmática", a referência máxima do "pra-frentismo artístico", e a conseqüente morte da pintura na década de 80, e sua ressurreição em 90 (diga-se de passagem, esse foi o ponto onde a humanidade estava cagando e andando...).

É interessante observar esse contraponto: o homem ideal passa a ser o homem individual, as bases cartesianas são substituídas pela fenomenologia da percepção Merleau-Pontyiana, e a racionalização deixa seu posto para a subjetivação. Opostos tão grandes quanto o próprio atlântico. Mas, mesmo assim, mesmo com essa grande distância diametral entre esses pontos, a desencadeação de um para outro é a mesma que comer maionese estragada: a merda é inevitável.

E onde entra a FAU aqui? Justamente nessa transição: uma construção moderna idealista em pleno momento de ascensão pós-moderna (1969), ou seja, a merda atrasada, mais conhecida como prisão de ventre. E para soltá-la, nada mais eficiente do que um bom laxante: o projeto da FAU como um todo. E como merda grande sempre vira referência, lá está o grandioso e benevolente (benevolência essa muito bem apresentada pelo aluno Kiyoshi) tombamento do prédio.

No entanto, os alunos, funcionários e diretores trataram de readequá-la aos novos tempos: a sujeira entendida como ruído sendo algo desejável, a liberdade absoluta característica do modelo pós-moderno de vida de poder colar e rabiscar o quanto quiser seu interior, como um projeto de design de interiores feito a milhares de mãos extremamente habilidosas (lembrar do desenho no banheiro masculino onde há a representação do cartaz da primeira "FAU MOSTRA DESIGN", mas com a excelente e muito boa adaptação para "FAU BOSTA DESIGN". Conheço o autor, mas vou privá-lo da fama). Junto a essa ação dos alunos, nossos diretores e funcionários nos colocam agora a cereja do bolo: a bosta. A merda. O excremento. As fezes. A titica. Os dejetos. O pior-do-homem. O cocô. Enfim, o produto de coloração amarronzada proveniente de organismos pluricelulares, normalmente vertebrados, e mais evoluído nos mamíferos. E se pensarmos o cheiro como partículas em suspensão do objeto de origem, podemos assumir que estamos nadando na merda, respirando a bosta, interiorizando, por fim, esse ambiente pós-moderno.

Sem querer parecer presunçoso, mas minha pessoa já havia profetizado esse momento 2 anos antes, em trabalho realizado para a disciplina de Projeto Visual 4, ministrada pelos professores Marcelo Bicudo e Takashi Fukushima, onde lancei mão da fonte eletrônica Platelet para criar o trabalho chamado por mim de "BOSTA PÓS-MODERNA", naquele momento rechaçado por ambos os professores. Hoje, eles respiram essa mesma Bosta pós-moderna que nós.

Concluindo, o presente ensaio expôs alguns pontos históricos e sociológicos, e o porquê desse horrível fedor que invade e infecta nossos pulmões, de modo a que paremos de culpar nossos administradores, e passemos sim a assumir nossa parcela de culpa pelo ocorrido, já que fazemos parte da humanidade, e é dela que veio a bosta pós-moderna.

Eduardo Camillo K. Ferreira

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

...por que não?...

Bom, eu sei que matei esse blog, mas ele é meu e faço o que quiser com ele, então se eu quiser postar nele algum dia, eu posto e pronto!

Fico sempre bobo em final de ano... Lembro as coisas que aconteceram, confundo com coisas do ano anterior, misturo tudo, e sempre me parece que o saldo foi positivo... Mas não importa, essa época do ano é algo magnífico, e esse espírito merece ser plenamente vivido, pois nos torna pessoas melhores. Uma vez ouvi a seguinte frase, m
eio brega, confesso, mas que explica ótimamente esse tempo, ao menos para mim:

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um individuo genial".

Nada como ter um começo para poder recomeçar. E nada como ter um fim para pesar as coisas... E para "ajudar" nesse momento, vou colocar uma tira do Calvin que muito me diz, e que tentarei falar um pouco sobre a seguir:

A tira é simplesmente fantástica, me dá uma coisa que eu não sei explicar. Não gosto de ser muito subjetivista, mas é que, não sei se pelas ocasiões que olhei essa tira, ou de momentos a que ela me remete, não sei, mas ela fala demais. E, como sempre, tudo aquilo que mais me toca, eu não consigo escrever...

Calvin é um menino por demais genial para que uma tira desse tipo seja apenas uma tira. Ainda mais por ser a última tira de todas. E, o interessante, é que é uma tira extremamente positiva.

Coloca a mudança, aquela mudança inesperada (ou mesmo esperada e premeditada), como uma oportunidade, uma renovação, "a brand-new world", com um sem número de possibilidades, ou, para ser mais preciso, uma nova chance. Uma nova chance de recomeçar, de fazer melhor o que queremos fazer, ou o que temos que fazer. De sonhar sem barreiras. Como o próprio Hobbes coloca, "It's like having a big white sheet of paper to draw on!" ("É como ter uma grande folha em branco para desenhar!"). Acredito que, para aqueles que desenham, como é o caso do criador do Calvin, não existe metáfora melhor que essa.

"É um mundo mágico, Hobbes, velho amigo... Vamos explorar!"

Explorar é a palavra chave talvez. Quando se está no intuição vivencial de "exploração", os sentidos se encontram alertas para novidades, para a realidade, para as coisas, para o mundo; para fora de nós mesmos, resumindo. Não acredito que as respostas para as coisas do mundo estejam em nós mesmos, no ego de cada um conversando consigo mesmo. Não mesmo... Exemplos de individualismo sempre deram em cilada no final (bons exemplos estão no futebol).

Mas um ponto interessante nessa tirinha é o movimento final. Ela realmente encerra o ciclo de tiras do Calvin. Todas que me lembre que eles estão ou no trenó ou no carrinho de carregar coisas, eles passam pelo plano de foto do quadrinho, mas terminam parados, ou pelo menos, no foco. Essa não, eles terminam de costas, se afastando... Felizes. Essa idéia do movimento, essa brincadeira constante deles dois com os carrinhos é uma metáfora muito interessante para o passar do tempo, para o crescimento, para o futuro. E, nesse caso em especial, o final não é fechado, não possui uma moral, mas é aberto... É o futuro simplesmente. E que merece ser explorado e vivido, like a big white sheet of paper... Não há limites, apenas possibilidades. E aqui cabe novamente a frase que mais gosto e já coloquei aqui algumas vezes, "porque se chamavam homens/ também se chamavam sonhos/ e sonhos não envelhecem". Talvez seja esse o motivo pelo qual o desenhista do Calvin nunca o tenha feito crescer. O pensamento analítico do garoto é de um adulto (e percebemos isso em especial quando ele tenta fazer as coisas para si mesmo, voltado para seu próprio benefício), mas ainda com sonhos de criança, com amigos de criança, modos de criança, vida de criança. Na tirinha a seguir conseguimos ver isso de maneira muito clara. Ela é grande (na verdade é uma grande sequência), mas é das mais geniais do personagem.



Esse espírito infantil está presente, inclusive, na mãe do Calvin, quando no momento de preocupação, abraça Haroldo e começa a falar com ele. Este, no entanto, não vira um tigre de verdade, pois não é vivido de maneira completa. Ainda há o estigma de adulto na mãe do Calvin, e este transparece na frase final dela. Quanto ao Calvin, o momento mais infantil dele é na última tira, caracterizado pelo abandono e dependência dele no outro, e é disso que eu falava quando comentei sobre o individualismo. A verdadeira alma humana, a essência do homem, está nessa confiança no outro. Talvez até mais que confiança, e sim de entrar no mundo do outro, no conceito de compaixão, que é partilhar em si o que o outro sente, entender seus sentimentos e tomar para si. Isso se aplica na alegria, tristeza, euforia, dúvida, etc. Pode parecer meio chavão um comentário desse a essa altura do campeonato, mas, infelizmente (ou, para mim, felizmente), é a realidade, e se vivemos nela, é assim que ela se mostra.

Enfim, como falei, final de ano me deixa meio tonto...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

...tudo tem seu fim...

Pois é. Decidi parar de postar no digerindo arte, então, ao invés de o abandonar e pronto, vou deixar um post de finalização. Por que decidi parar? Porque ele, afinal, serviu para o que deveria servir...


Comecei a estudar arte por puro vislumbre. E estudei por muito tempo muito mais Arte do que qualquer outra coisa. Estudar arte me levou ao minimalismo. Esse me levou ao design minimalista, e ambos 'a fenomenologia. Minha atenção, assim, retornou (estranhamente) ao design. Quero estudar design e não consigo mais ter o mesmo vislumbre que antes com a arte.

Vejam bem, não é que não vou mais a exposições, nem vou continuar lendo a respeito. É apenas que eu não tenho mais interesse nem motivação de escrever sobre. Existem pessoas muito mais competentes para falar sobre isso, e eu pretendo apenas me especializar no que me interessa agora: design.

Se por um acaso eu tiver algum fã (o que seria um grande absurdo, mas estou apenas aproveitando a oportunidade para linkar o digerindo arte com outro site), continuo escrevendo agora no Design Simples; mas sobre design.

Digerindo Arte: 22/01/2008* - 04/11/2009+ às 23h22
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1 post plageado pelo Noblat, mas é a vida...

Felicidade a todos!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

...festival musica do Brasil...

Conforme comentei no post anterior, aconteceu o festival Música do Mundo esse sábado agora que passou. As apresentações foram em Três Pontas, Minas Gerais, terra de Milton Nascimento e Wagner Tiso. E, obviamente, meu post será sobre eles (talvez eu tenha mais falado de Milton Nascimento nesse blog do que qualquer outra coisa). Será um post mais emocional do que descritivo ou analítico, pois a experiência de ir a Três Pontas e ver o show foi arrebatadora.



A música é Coração de Estudante, composição de Milton e Wagner Tiso, e é provavelmente das mais famosas do compositor. A letra dela é algo soberbo, e tentarei o melhor de mim para expor o que penso dela.

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Tantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê flor e fruto

Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, plantas, sentimento
Folha, coração, juventude e fé
Aparentemente, a música tem também bastante a ver com o período a qual foi escrita, a ditadura, mas ainda assim é possível fazer uma leitura mais atual dela, ou até talvez mais universalizante, e é justamente o que eu tentarei fazer...

A primeira metáfora que aparece na música é a juventude como "folha". Folha numa árvore é aquilo que a sustenta, que tem o papel de alimentar e fazer viver toda a árvore, é nela que acontece a fotosíntese, onde se produz o alimento. Vemos aqui aquela célebre frase "o jovem é o futuro da humanidade". A folha que depois virará galho, e que se tornará tronco, mas que enquanto folha é a parte mais viva, mais verde, mais importante da árvore. É ela que se move ao vento, que faz o ruído do farfalhar das árvores.

E, por ser a parte mais importante, é também a mais sensível de toda a árvore. A que mais sofre os momentos de intenpérie, mais fácil de ser arrancado. "Já podaram seus momentos/ Desviaram seu destino/ Seu sorriso de menino/ Tantas vezes se escondeu". É aqui o momento onde encontramos a referência à ditadura e repressão ao movimento estudantil, mas, abrindo um pouco mais a leitura, e a partir do meu ponto de vista, podemos focar na relativização de valores importantes para o homem, como o amor, a cortesia, a amizade, e tantas coisas que se tem tentado tirar o peso na nossa vida, quer no desconstrutivismo filosófico, quer na prática mercadista capitalista, quer no idealismo pseudo-igualitário marxista.

E, a meu ver, é justamente a essa retomada dos valores, à capacidade da juventude de sonhar, de lutar, de não conformar-se, que a música nos pede a atenção. "Mas renova-se a esperança/ Nova aurora a cada dia/ E há que se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto".

Já dizia em outra música, também comentada nesse blog, a grandiosa "Clube da Esquina nº2":
"Porque se chamava moço/ Também se chamava estrada/ Viajem de ventania/ Nem lembra se olhou pra trás ao primeiro passo".
A juventude é aquilo que nos dá a capacidade de avançar, de botar o pé na estrada ("Um pé na soleira e um pé na calçada/ Um pião/ Um passo na estrada e um pulo no mato" - Léo, Milton Nascimento), de sair de nós mesmos, de arriscar, de possuir ideais de vida, de mudança.

E o mais interessante é que essa Juventude é algo que não é literal, mas "Deve estar dentro do peito/ Ou caminha pelo ar/ Pode estar aqui do lado/ Bem mais perto que pensamos". É para todos. Também da música "Clube da Esquina nº2", escreve Márcio Borges:
"Porque se chamavam homens/ Também se chamavam sonhos/ E sonhos não envelhecem".
É algo interno, uma moção pessoal, que se reflete no grupo. É o próprio nome da música: "Coração de estudante/ Há que se cuidar da vida/ Há que se cuidar do mundo/ Tomar conta da amizade".

É o final da música: "Coração, juventude, e fé".

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

...como um idiota...

A gente costuma não saber falar bem das coisas que mais nos tocam, pois chega a ser irracional. Não sabemos bem o porquê, mas aquilo mexe conosco de tal maneira que não é possível objetivar em palavras uma justificativa plausível e que cause a mesma coisa nos demais.

E, para mim, isso acontece com as músicas do Milton Nascimento. Quase todas. Não sei falar delas, fico como um idiota procurando palavras, e simplesmente resulta em algo ridículo. Já tive experiência com outros dois posts sobre o assunto (aqui e aqui), e vi que não dá certo. Por isso, vou simplesmente colocar aqui a primeira música na voz dele que me rendeu (pois a composição não é dele).



O monstruoso solo do final é do Toninho Horta. Quem for ao Festival Música do Mundo poderá acompanhar a ambos, e quem sabe até em algum momento juntos...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

...vazio de idéias...

Eu entendo perfeitamente a resistência de muitos quanto à arte contemporânea. Ela se mostra vazia uma consideravel quantidade de vezes. Mas às vezes ela até que é boa, o que não ajuda muito é o texto curatorial dela. E para ilustrar tal ponto, segue uma análise não da obra, mas do texto que "contextualiza" um trabalho que encontrei.

A obra se chama Éter, da artista Alice Shintani. Está expondo nesse momento na Galeria Virgílio. A obra parece interessante pela foto, e o texto que se coloca após ela também:

"Como olhamos o que olhamos?


Em que medida percebemos as pessoas, as coisas, o mundo, para além de um mero reflexo de nós mesmos? Buscamos de fato o estranhamento de um novo encontro ou procuramos o conforto do familiar? Agüentamos esse estranho ou necessitamos logo identificá-lo, rotulá-lo (e descartá-lo)?"

O texto segue. E segue, logo após ele, o "Texto-crítico" (as aspas já vieram do próprio site, quase ironicamente), e o texto finalmente:

"Artistas são endossados por exposições. Exposições são endossadas por textos-críticos. Textos-críticos são endossados por citações a pensadores. Pensadores são endossados por artistas:

“A obra de arte não é um instrumento de comunicação. Aliás, a arte não tem nada a ver com comunicação. Ela não contém a mínima informação. O que existe, ao contrário, é uma profunda afinidade entre obra de arte e ato de resistência.” [G. Deleuze]

“Mas o que significa resistir? É antes de tudo ter a força de des-criar o que existe, des-criar o real, ser mais forte do que o fato que aí está. Todo ato de criação é também um ato de pensamento, e um ato de pensamento é um ato criativo, pois o pensamento se define antes de tudo por sua capacidade de des-criar o real.” [G. Agamben]"
Eu acredito que foi a própria artista quem escreveu isso, e não um crítico efetivamente, mas enfim. A análise é válida de qualquer maneira (embora acredite que não seja tão necessária assim, com tamanha pérola que encontrei). Vamos da primeira parte:

"Artistas são endossados por exposições. Exposições são endossadas por textos-críticos. Textos-críticos são endossados por citações a pensadores. Pensadores são endossados por artistas".
O que se pretende aqui é um falso silogismo. Irônico de certa maneira, pelo menos ao meu ver. Digo isso pelo seguinte: endossar é demonstrar apoio a alguma coisa ou idéia. Assim, é sustentar essa idéia. Quem sustenta o artsita é a exposição. E a exposição só se encontra completa quando há um texto crítico para ela, senão, não é exposição (o que é uma grande balela). Textos críticos se constróem e encontram justificativas em citações a pensadores (para não dizer encher linguiça). E quem sustenta o pensador é justamente o artista, que cria a demanda por seus textos. Tudo claramente uma grande bobagem, e espero do fundo do coração que o intuito de tal sequência de idéias tenha sido com intuito humorístico... Mas o texto continua. Justamente com uma citação para que o conteúdo do trecho anterior seja endossado:

“A obra de arte não é um instrumento de comunicação. Aliás, a arte não tem nada a ver com comunicação. Ela não contém a mínima informação. O que existe, ao contrário, é uma profunda afinidade entre obra de arte e ato de resistência.” [G. Deleuze]"
Nada menos do que Deleuze. Não sei se o leitor vai me achar agora um tanto quanto atrevido, mas me parece nesse momento pelo menos óbvio que a citação não faz o menor sentido. Mesmo que deslocada de sua fonte, afirmar que uma obra de arte não é instrumento de comunicação é algo que deve causar ânsias a qualquer pensador descente. Antes de continuar, vai o trecho seguinte, para que a idéia esteja completa na hora de falarmos dela.

“Mas o que significa resistir? É antes de tudo ter a força de des-criar o que existe, des-criar o real, ser mais forte do que o fato que aí está. Todo ato de criação é também um ato de pensamento, e um ato de pensamento é um ato criativo, pois o pensamento se define antes de tudo por sua capacidade de des-criar o real.” [G. Agamben]"
Agora o vazio intelectual está simplesmente completo. Deleuze nos apresenta a idéia de que a obra de arte não é comunicativa, não é instrumento de comunicar, e nem contém informação alguma. Nego essa idéia do seguinte ponto: mesmo que pensemos que a obra de arte não é feita para o público, mas é por vontade espontânea do artista, é errado colocar que ela não é comunicativa pelo simples fato de ela ter-se materializado. Se um artista faz uma obra, é porque a julga com algum tipo de conteúdo digno de ser exposto a algum interlocutor, e assim o fazendo, sela o ciclo comunicativo que Deleuze nega.

Vendo ainda por outro ponto de vista, colocar que não há informação numa obra é selar o destino da arte como um todo a um nada. Se não há informação numa obra, o que são as descrições dos críticos de arte, e às vezes do próprio artista? A arte está baseada num código, mesmo que esse seja o idioleto do artista. E esse código semioticamente já se expõe como comunicativo, bastando que se sele a tríade "objeto-signo-interpretante". É meramente uma grande duma masturbação mental querer negar esses pontos tão evidentes.

E para tentar justificar a bobagem colocada anteriormente, o trecho seguinte fala o que é a resistência que Deleuze havia falado. E segue mais um silogismo, com um interessante adendo, que é a mania pós-moderna de colocar a "(des)construção" como a opção intelectualmente mais avançada (até o ponto de colocarem num livro de design contemporâneo um artigo mediocremente escrito que tratava justamente disso: a (des)construção da imagem. Só não entendi muito bem onde, pois o autor falou apenas de sua carreira). E talvez seja esse um dos problemas da arte contemporânea: ela é pouco propositiva, e por demais descontrutiva (sem os parênteses). Assim, somando isso com textos críticos como o aqui apresentado, sinto muito, mas a única coisa que vai conseguir mesmo é incompreensão...

Correção: Ao que me parece, falar bobagem não parte apenas de críticos de arte... Esse post fala de um texto crítico que não é um texto crítico, mas uma das obras da artista-base do post, Alice Shintani (ver, por favor, os comentários). Bom... O erro foi FEIO e ESDRÚXULO, e peço desculpas. Entendam então como um paralelo para o que eu quis dizer, ou mesmo como uma análise da obra "Texto-Crítico".

sexta-feira, 31 de julho de 2009

...inovando no design...

Pode parecer deslocado, mas o Digerindo Arte apoia a iniciativa de seus amigos, ainda mais quando são interessantes. Não vou me delongar demais, aqui vai o link para onde interessa. O nome da iniciativa? Bem, simples: Design Simples.

Para uma breve esplicação sobre o que é o projeto todo, podem acessar o post do estudio-cinco.

Apenas uma pequena pincelada: Design Simples é um portal de Inovação em Design, onde se divulgam trabalhos invadores de estudantes, além de informações relevantes a quem deseja ter algum incentivo nessa prática tão escassa no Brasil, que é a inovação.

Desejo boa sorte a essa iniciativa, e aqui vai minha contribuição momentânea para que mais gente conheça o projeto.

terça-feira, 28 de julho de 2009

...fazendo mundos...

Finalmente aqui comentarei algumas coisas da bienal de veneza desse ano.

A work of art is more than an object, more than a commodity. It represents a vision of the world, and if taken seriously must be seen as a way of “making a world”. A few signs marked on paper, a barely touched canvas, or a vast installation can amount to different ways of world-making - Daniel Birnbaum _curador da 53a Bienal de Veneza
Tendo como tema geral "making worlds / bantin duniyan / 制造世界 / weltenmachen / construire des mondes/fazer mundos", o texto do curador se mostra bastante explicativo (e inclusive essa sucessão de nomes em diversas línguas). E é até interessante se pensar numa mostra mundial, onde cada país chega com seu próprio mundo de artistas, e cada artista com seu próprio idioleto, tentar criar um todo do panorama artístico seria impossível.

O que nega esse fato é um: o mundo se faz com pessoas diferentes. Cada pessoa é seu mundo, e possui sua maneira (mais ou menos eficiente) de fazer parte dele, mas todas fazem, todas deixam algo, e assim todos "fazem mundos". E no plural, pois é nos outros que as pessoas constróem seus mundos: numa conversa, dois mundos se misturam, numa bostagem de blog, mais mundos se misturam, se fazem (e se faria melhor se meus leitores deixassem comentários... mas...). E na Bienal, são os artistas que falam com o público. E esse cria seus diálogos próprios com as obras, e entre elas também, fazendo relações entre elas, aprimorando seu próprio mundo.

Num dos mundos que se apresentam, encontramos a artista Lygia Pape (1927 - 2004). Cria para o espectador uma instalação visual onde, através de fachos de linhas ligadas a pontos no teto e no chão, apresenta colunas de luz, nos expõe um modo diferente de perceber o espaço, ilusoriamente, geometrizando-o, e sublimando-o com um claro equilíbrio formal e luminoso. Ao escurecer a sala, aumenta essa sensação de imersão, assim como a escala admitida pela obra. O nome da obra é "Ttéia", que remete a teia, mas com certa brasilidade (tetéia seria algo bonito, gracioso). Ligações que se efetivam entre mundos, planos opostos, e que necessariamente produzem um efeito, que positivo, quer negativo. A ligação de mundos não são nunca estéreis, mas sempre deixam a marca de uma possibilidade, ou de uma necessidade.

Outro artista que trabalhou com relações e construções espaciais foi o argentino Tomas Saraceno. Criou essas especies de globos de linhas, gerando planos exagonais, cantos triangulaes, tensões em todas as direções, que aparentam expansão . Se pode andar por entre esses grandes globos, que sustentam uns aos outros, cada um com seu próprio núcleo, mas que não permaneceria erguido não fossem. São galáxias, e as galáxias reais também interagem entre si, se consomem, consomem outras galáxias, leis gravitacionais universais as aproximam, ou não, e um nem número de acontecimentos físicos influenciam o complexo geral do universo. O mesmo paralelo de tudo isso existe entre as pessoas, quer no plano econômico, quer no plano relacional, afetivo, emocional, cultural, natural, etc.

Não é necessário me delongar nessas relações que se apresentam, o leitor já certamente percebe que não são obras aleatórias, e que a metáfora que se apresenta ao observador é algo que torna a obra com um sentido completo, que atribui a significação necessária para que faça sentido em si.

Outra artista que trabalha o tema de relações, mas para um plano mais negativo, é Raquel Paiewonsky. Sua obra para a exposição cria seres mutantes, com um conceito bastante forte. Remete-me a hibridações irracionais que o meio social pode nos levar a cair. Exageradas modificações corporais para adequar-se a padrões, ou mesmo se pensarmos em personalidades, a integridade de caráter não necessariamente é algo que se vê claro nas pessoas, que tendem a criar braços diversos para lidar com cada pessoa, ou personalidades bizarras que variam conforme o local onde estão (ou meio, como demonstra as relações que se criam na internet)... E cada mutante criado pela artista espelham esse modo diferente que podemos atuar: essa é a palavra correta, a vida num grande palco, onde as pessoas se apresentam nos mais variados figurinos e personagens, mas sem saber realmente qual é a da pessoa que está próxima dela. Criam mundos particulares, onde nele podem ser o que são, mas que na interação com outros mundos, assumem uma atmosfera que não a sua realmente (para mais fotos das obras da artista, aqui vai um link).

Enfim. Encerro aqui esse post. Recomendo que os leitores interessados dêem uma olhada em duas fontes muito boas para mais sobre a Bienal: Designboom e o Flickr.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

...o fim da vida...


O post sobre a Bienal de Veneza será o próximo. Gostaria de colocar aqui brevemente algumas considerações sobre o estupendo conto de Leon Tolstói "A morte de Ivan Ilitch". Considerada por alguns como uma de suas melhores obras, mesmo contendo singelas 85 páginas quando comparada com as magistrais mais de 1200 páginas de "Guerra e Paz", nessa pequena história, Tolstói conseguiu o máximo da consisão e expressão da vida de um homem de seu período, até seu agoniante fim, que invariavelmente toca e marca profundamente o leitor. Não colocarei aqui um resumo da história, mas irei diretamente à análise.

Ivan Ilitch é um burguês comum, e claramente pode ser tido como um homem comum, como cada um de nós, e isso pelos seus problemas, e o modo como os trata: em geral, a fuga.

Quando começa a ter problemas com sua esposa, procura sua fuga no trabalho; quando está de férias e entediado, procura uma fuga na busca por novo emprego; quando doente e com dores, procura a fuga na crítica aos demais. Sua mulher não faz diferente: desde o início, foge da realidade, e "atua" diante da morte de seu marido, quando já não mais se importava realmente com isso; quando o marido doente não melhora, da mesma maneira foge da responsabilidade de esposa, jogando a culpa nele por "não tomar os medicamentos nos horários certos". Os doutores fogem da verdade atrás de termos médicos e suposições que sabiam errôneas. E todos fogem da realidade de serem homens, escondendo-se atrás da máscara do dinheiro e da ostentação.

No final do texto, essas máscaras irritam Ivan, ele não mais suporta as "mentiras". No entanto, é evidente o motivo por não as aturar: defronte com sua morte, enxerga nessas fugas a sua vida inteira. Vê em sua mulher o que fez a vida toda. Fugir da realidade. Fugir dos outros, se esconder da verdade.

É bastante comovente, no entanto, como retorna a ela: conversa com sua consciência, tenta enganá-la dizendo de sua boa vida, mas acaba sucumbindo à verdade; enxerga no mujique Guerássin um homem bom e verdadeiro; vê em seu filho à beira da sua cama, chorando, o verdadeiro amor familiar, coisa que não vira até o momento, nem em seu (conveniente) casamento. Enfim, vê a verdade.

Solzhenitsyn, em seu também estupendo romance "Pavilhão de Cancerosos" percebe isso em Tolstói, quando do diálogo de dois de seus personagens, Rusanov e Efrem, a respeito de um dos livros de Toltói:

-¡Esas son pavadas! -dijo Rusanov, haciendo silbar la "s" de indignación-. ¿No podría cambiar el disco? Se huele a un kilómetro que ésa no es la moral nuestra. Y por lo demás, en su libraco ¿qué es lo que hace vivir a la gente, pues?


Efrem había parado de narrar y había vuelto sus ojos hinchados hacia su interlocutor calvo. Se sentía despechado de que el calvo hubiese asestado un golpe tan certero En el libro estaba escito que lo que hace vivir a los hombres no es el egoísmo, sino el amor al prójimo. El viejo quisquilloso había dicho: "El hombre vive de causas comunes". Era aproximadamente lo mismo.


-¿Lo que lo hace vivir?... Ni siquiera se atrevía Efrem a pronunciar la palabra en voz alta. Era casi inconveniente-. Pues bien, el amor, como dice él. ..


A verdade e o amor são inseparáveis, pois não há nada mais sublime na existência do homem que a caridade, nada que o faça mais grandioso diante de si do que amar aos demais. Da mesma maneira, não há nada que satisfaça mais ao homem que a verdade. Dois pontos fundamentais à felicidade, e é isso que Ivan Ilitch encontra ao final de sua vida: amor, verdade e felicidade.

Aqui, um link para outro comentário sobre o texto: link.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

...bienal italiana...

Começa domingo a 53a Bienal de Veneza, o mais importante evento de arte do planeta, maior inclusive que a Documenta. Comentarei algumas obras que encontrar na internet depois da abertura (não, não poderei ir a veneza...). Por enquanto, um breve comentário sobre os artistas que teremos por lá.

Da nossa parte, além da Lygia Pape, que comentarei em outro momento (não conheço ainda muito do trabalho dela, me demandará alguns momentos de estudo), teremos uma instalação do já conhecido Cildo Meireles (comentei dele nesse post).

Artista do grupo de 70, tem uma forte atuação conceitual, com conjunto de obras mundialmente famosas, como "Inserções em circuito ideológico" que insere em materiais de circulação massiva (papel moeda, garrafas de vazilhame, etc) conceitos ideológicos, frases provocativas, exortações nacionalistas, ou qualquer coisa do tipo. Embora hoje não aparente grande coisa, essas obras fazem maior sentido quando contextualizadas: foram feitas em plena e alta ditadura, onde a liberdade de expressão era inexistente. Assim, faz sentido carimbar numa nota de cruzado: "Quem matou Herzog?". É a arte no seu mais forte sentido político.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

...the way thing go...

Dêem uma boa olhada nesse vídeo, e se puderem comprar o original, eu recomendo. Abaixo, comentário.



Embora apenas um trecho, já é bastante elucidativo do que deve ser o restante. Tive a oportunidade de ver o filme inteiro numa aula de história da arte na faculdade.

Os artistas são Peter Fischli and David Weiss, e a obra data de 1987. O interessante é que, mesmo sendo bastante conceitual, a obra tende a agradar a todos, mesmo aqueles que não procuram por seu sentido.

O que vejo nele é o desencadear de fatos, ações, "the way thing go" (nome da obra), apresentando uma metáfora bastante coerente com o dia a dia do homem. Uma sucessão de fatos aparentemente aleatórios, que na verdade vêm em parte desencadeados por acontecimentos precedentes, e que determinam até certo ponto o leque de possibilidades que vêm a acontecer (não questiono aqui a existência do livre arbitrio, mas aponto que a vida não é um arrebanhado de possibilidades equivalentes, mas na inclusão de umas e exclusão de outras a cada momento. Se estou em São Paulo agora, dificilmente poderei estar na França nas próximas horas. Isso já muda se optar por estar no aeroporto. Mas por não ter passaporte, minha gama de possibilidades novamente se reduz para o mercosul. E assim por diante).

Além disso, é interessante observar o nível técnico da obra. É uma pequena mostra de que, ao contrário do que muitos propõem, a arte contemporânea possui sim qualidades técnicas interessantes. Diferentes de épocas anteriores em alguns casos, mas ainda assim igualmente relevantes.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

...espaços amplos...

Um assunto que nunca abordei é arquitetura... Talvez pela minha incompetência no campo, mas não pela falta de interesse. Enfim, hoje será um teste... Como esse blog o é por sí, um grande campo de testes de bobagens que escrevo, estamos assim em casa.


O edifício que escolho para uma breve análise é o Masp da Lina Bo Bardi, construido em 1968, com um espantoso vão livre de 70 metros, tombado. A Wikipédia traz bastante informação sobre o prédio e sua história (embora eu não goste lá muito dela).

A análise que faço é na verdade baseada na análise que fez Lucrécia Ferrara no seu livro Design em Espaços. A verdade é que é a melhor análise de arquitetura que já lí sobre, em especial sobre o prédio e sua interação com o local.

É bastante claro que o prédio se difere radicalmente do restante da arquitetura da avenida Paulista. Uma avenida que representa o progresso nacional, com prédios assinados pelos mais importantes arquitetos brasileiros, que também abriga o Conjunto Nacional, o primeiro edifício modernista de grande escala nacional. E é nesse universo que o edifício de Lina se acomoda: dentro da representação brasileira dessa movimentação mundial, que foi o modernismo.

O prédio se caracteriza pelo seu grande vão horizontal, os já comentados 70 metros. Esse grande vão cria a característica magna do prédio, que é a horizontalidade: um edifício de poucos andares, uma parte subterrânea, com uma área de vivência perfeitamente apropriada pela população, tanto como ponto de encontro, como ponto de manifestação. Essa horizontalidade conversa de modo grandioso com o próprio ambiente ao redor do prédio e a arquitetura da avenida: enquanto a maioria dos prédios apresentam sua imponência pela verticalidade, o MASP se apresenta na horizontalidade, servindo de contraponto à monotonia dos demais. Ao mesmo tempo, a verticalidade dos prédios os apresenta como estacas, postes, ou qualquer coisa fincada no chão. Novamente, o contraponto do prédio é esse espaço completo aberto que Lina coloca: uma janela para o que está atrás dele, criando um respiro na grande parede que é um quarteirão da Paulista. O prédio é o antagonismo do paradigma de edifício urbano, e talvez por isso contenha um significado extremamente forte: ser um edifício cultural se apresenta tanto pelo conteúdo quanto pelo seu projeto arquitetônico, que o contrapõe aos outros edifícios empresariais do coração econômico do país.

Aqui, link para o site do MASP.

terça-feira, 24 de março de 2009

...cor e realidade...

A postagem passada foi a de número 60... Nem percebi para fazer algum tipo de comemoração ou coisa que o valha... Tudo bem, vamos esperar pela centésima.

Voltando às artes plásticas, me deparei hoje com a obra de uma artista bastante instigante em parte de suas obras, e bastante poética em outra parte. Chama-se Tatiana Blass. Essa divisão arbitrária de minha parte vem a coincidir em outro ponto: a parte instigante corresponde a intalações e esculturas, a parte poética a pinturas, e tentarei apresentar as duas nesse post, mas farei diferente hoje: gostei tanto do seu trabalho que colocarei mais imagens no final (além do link para seu site) além das que decidir comentar.

As telas de Tatiana Blass são bastante interessantes quanto ao uso da cor, e da possível figuração dentro de uma abstração bastante geométrica. O trabalho ao lado chama-se "Paisagem-estampa", 2004, e chama a atenção pelo colorido usado pela artista para sua construção. Em conjunto com o nome, podemos claramente localizar a paisagem nominada pela artista, com um fundo de arvores, arbustos, uma leve névoa, com a parte inferior remetendo a algum tipo de chão, pode ser cimentado, pode ser um lago noturno, etc. A combinação cromática está perfeitamente equilibrada, com a massa cinzenta inferior e suas manchas escuras contrapondo as 5 variações de verde presentes na parte superior. As massas também com essa leve geometrização bastante orgânica ajuda nesse sentimento de natureza encontrado no nome que a artista dá a sua tela.

Neste outro trabalho, já do seu lado instigante, "Globo da Morte" de 2008, chama a atenção pelo movimento que o simples deslocamento de parte da moto invoca, e essa continuidade de tubulações douradas trabalhando como um spectro da aceleração do veículo, embora estranhamente a parte posterior tenha ficado parada. O Globo da Morte é aquela esfera de arames com um grande diâmetro onde motociclistas aceleram suas motos até que fiquem girando em qualquer sentido (vertical, horizontal), desafiando a gravidade com as propriedades da própria física a que esta faz parte. O paralelo desse tipo de apresentação com a obra está justamente na posição do fronte da moto, subindo pela parede, acelerando e quebrando com a mais básica lei da realidade. O encurvamento das tubulações dialogam com as pinturas da artista quanto a sua organicidade.

Outros trabalhos da artista podem ser vistos em seu site, mas tive o trabalho de recortar alguns bastante interessantes para que o leitor possa fruir deles agora mesmo.





















1. Cauda (móveis), 2005




















2. Zona branca (Lustre), 2007


3. Páreo, 2006 - Escadaria do Paço das Artes, Cidade Universitária

terça-feira, 17 de março de 2009

...o fim da arte...


No começo desse ano, comprei uma revista que me trouxe um artigo curioso. Intitulava-se "O fim da arte", e eu pensei "Poxa! Mais um?". Esse, na essência é igual a todos (ou quase todos, já que para Arthur Danto, o fim da arte é a simplesmente a arte contemporânea, o que para ele é muito bom), mas bate em outras teclas. O artigo é de Roger Kimball, crítico de arte, e sua tadução de Cristian Clemente, licenciado em Letras pela USP.

Um dos pontos onde Kimball bate insistentemente a tecla é na ausência da beleza na arte de hoje, bem como a importância da religião para a arte como um todo, e que sua falta traz consequências (olha o novo português aí, gente!) graves, e uma delas eu concordo, que seria o endeusamento do artista, que acaba superior aos demais, e junto disso desproporcionalidades, como as centenas de milhões que Damian Hirst ganhou em seu último leilão (Kimball pelo jeito o detesta, eu até que gosto, há o que se pensar em sua obra, mas certamente não vale tudo isso).

Ok, compreendo o que escreve Kimball, mas não posso concordar. Primeiro porque a beleza não é apenas visual (prometo estudar essa parte mais a fundo, mas se não me engano, na concepção clássica de beleza há três pontos que se deve levar em consideração, os quais não me recordo agora). Encontramos beleza, por exemplo, na literatura, ou na música. E onde estaria o problema de a arte lançar mão de conceitos para fazer artes plásticas? Indo mais longe, podemos afirmar com bom grau de certeza que uma arte sem conceito é vazia, pura superficialidade que mal pode ser chamada de arte, por mais apurada que seja a técnica do artista.

E esse é um ponto interessante. Em geral, as pessoas procuram ver na arte a realidade a que estão acostumadas. Ortega y Gasset, em seu fabuloso livro A desumanização da Arte, nos coloca justamente isso: As pessoas "compreendem" a arte figurativa porque se assemelha a sua vivência cotidiana, o que é um erro. Escreve:

"Para poder deleitar-se com o retrato equestre de Carlos V, de Tiziano, é
condição ineludível que não vejamos ali Carlos V em pessoa, autêntico e vivo,
mas sim em seu lugar devemos ver apenas um retrato, uma imagem irreal, uma
ficção".

Isso permanece válido ainda hoje. A metáfora é, portanto, intrínseca à arte. Falar de algo por meio de sígnos é parte dela, e a ausência desse ponto faz com que o objeto deixe de ser arte para ser ele mesmo (aqui um leitor assíduo do blog, se é que existe, pode me questionar a respeito do Minimalismo, o qual colocava sobre si que "what you see is what you see". Falarei sobre isso num post seguinte).

Quanto à religião, Kimball mesmo parece dar uma resposta ao que escreve:

"Não existe uma arte particularmente católica,afirma Jones [David Jones, poeta
católico do século XX], tal como não existe "uma ciência hidráulica católica, um
sistema vascular católico ou um triângulo equilátero católico". (...) Auden pensava da mesma maneira:(...) Apenas o que pode haver é um espírito cristão, segundo o qual um artista ou cientista age ou não"."

A religião é um dos aspectos humanos entre outros (embora possa ser tido como um dos mais importantes, já que rege todos aspectos internos e externos do agir do homem), e o livre arbítrio do homem permite que se o leve em consideração ou não. Entretanto, os pontos essenciais do homem ainda permanecem, e todos temos o que dizer, portanto, material para realizar uma ação artística. Inclusive, a arte não religiosa é índice de uma cultura também rica, e passível de análise da sociedade e seu tempo.

Além disso, não há porque tentar reduzir tudo a dois pontos de vista, unificar todos os desejos artísticos sob os rótulos de "arte religiosa" e "arte não religiosa", já que a realidade é muito mais rica que apenas esses dois pontos, e as nuances que existem entre um extremo e outro não podem ser deixados de lado, e menos ainda forçados a permanecer por debaixo desses dois títulos.

O problema do artigo de Kimball é que ataca para todos os lados, sem apresentar exemplos palpáveis do que fala. David Sylvester, por outro lado, é bem mais claro nesse ponto. Observe o texto a seguir:

"Não se há de negar que posso atribuir ao indivíduo de cultura média as noções de
que a arte do século XX é: I)produto de indivíduos isolados que deixam de dar
expressão à consciência e aos gostos da sociedade como um todo; II)
hiperespecializada, desprovida da amplitude e da complexidade do que veio antes,
propensa a sacrificar importantes atributos da arte para poder desenvolver
obsessões tacanhas até níveis extremos; III) por demais preocupada, em sua
autoconsciência, com questões de estilo e com a obtençãod e originalidade. Tudo
isso vem ao caso, e o que se pode dizer a respeito é o seguinte: em primeiro
lugar, a arte do nosso tempo pode não ser muito boa se comparada com o
supra-sumo, mas foram suas próprias limitações que a fizeram dar uma
contribuição singular para o corpus da arte (e isso é assumir que a
singularidade é uma qualidade necessariamente valiosa); em segundo lugar, as
limitações da nossa arte refletem certas fraquezas da nossa sociedade, e, se a
nossa sociedade fosse diferente, nossa arte poderia ser melhor. (...) Se dizem
que o último Rothko não é um quadro tão bom quanto um Monet, isso não é uma
condenação de Rothko, mas uma definição de arte"."

A contribuição nesse trecho que Sylvester nos fornece é muito maior do que a do artigo completo de Kimball. O próprio Papa João Paulo II escreveu em sua carta aos artístas: "...a História da Arte não é apenas uma história de obras, mas também de homens", e se poderia escrever que a própria História da Arte é a História dos Homens, e merece ser contada.

segunda-feira, 16 de março de 2009

...ainda não...



Queria ter escrito sobre esse filme a mais tempo, na verdade, pois já o perdi um pouco na minha fraca memória.

O último filme da carreira de Akira Kurosawa, "Madadayo". É realmente brilhante, e um belo fecho de carreira! O filme trata de um professor e escritor e de seus últimos 17 anos de vida, que celebra seu aniversário numa espécie de ritual de pré-passagem para a outra vida: seus antigos alunos o perguntam "já está pronto?" (Maddha Kai?"), no que ele responde após beber um grande copo de cerveja "Madadayo!" ("ainda não!").

Entre os aniversários, o filme apresenta o desenrolar desses últimos anos, o amor e veneração de seus alunos por ele, o amor entre ele e sua mulher, o apego a um gato (que poderia durar menos tempo no filme...), passando por momentos engraçados (como se livrar de ladrões), comoventes (o discurso do aluno jovem no início do filme) e encantadores (as cenas finais). É um filme bastante longo, que como a vida do professor, insiste em não chegar ao fim, ainda bem, pois nos surpreende pela riqueza a todo momento...
Aqui, uma resenha do filme por Roger Ebert, e um site em homenagem ao diretor.

...som na esquina 2...

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, asso, asso
Asso, asso, asso, asso, asso, asso

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos...
E lá se vai mais um dia...

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai...
Mais um dia...

E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente
E lá se vai


Continuando a postagem anterior sobre o Clube da Esquina, transcrevo aqui a letra da música do vídeo, de Lô Borges, Clube da Esquina 2. Não faz parte do primoroso album abaixo comentado, mas é a versão letrada da música de mesmo nome. Também de extremo valor artístico.

Quando comecei a ouvir o disco, sabia da existência dessa versão, mas não quis ouvir, pois para mim a perfeição daquela música instrumental era tal que qualquer letra a rebaixaria, mas, depois de mais de 2 anos, isso se mostrou o contrário: a letra está no mesmo nível da primeira versão.

E o sentido nela é tão forte que para mim se mostra numa temática diferente da anterior: enquanto aquela, como comentei, representa o conceito basilar de felicidade, esta se mostra como a concisão do desenrolar da vida. Extraordinário!

Logo nas primeiras palavras, já encontramos essa grandiosidade: "Porque se chamava moço/ Também se chamava estrada/ Viagem de ventania". A juventude como caminho, como trecho da vida que se volta para certos pontos. E não como uma brisa, que areja, que esclarece, mas como uma ventania, que por ser mais forte, arrasta e transforma o lugar por onde passa. Movimenta o redor e quebra a inércia da estagnação.

"Porque se chamavam homens/ Também se chamavam sonhos/ E sonhos não envelhecem": a imaginação, como ouvi certa vez numa palestra, é a imagem em movimento, e o sonho é justamente a apropriação desse imaginar em prol de um ideal, inconsumível (E basta contar compasso/ E basta contar consigo/ Que a chama não tem pavio), portanto, requisito primário para a mudança, qualquer que seja. Sonhos levam a ações, e bons sonhos em ação são as ditas ventanias. Bagunçam com mais de uma vida, reorganizam as metas de mai de uma pessoa (E o rio de asfalto e gente/ Entorna pelas ladeiras/ Entope o meio-fio).

Aqui, link para o site oficial do Lô Borges e para seu MySpace.

Só acrecentaria uma coisa na música, mas que na verdade poderia ser suprimida, já que óbvia:

"E lá se vai.../ Mais um dia..." feliz...

ps.: depois de escrever esse post, estava tomando banho um dia de manhã e percebi que a música pode ter certa conotação política tbm, já que escrita em 1978, em plena ditadura. Há alguns trechos que se fazem mais claros nesse contexto, como "Em meio a tantos gases lacrimogênios/Ficam calmos, calmos", e o trecho seguinte "E lá se vai.../Mais um dia..." deixa de ser alegre para ser pouco mais ressentido, como um dia perdido, e que não houve mudança alguma. Para uma interpretação do período, acho muito boa a letra, mas minha análise acaba tornando-se mais atemporal, contemporanizada, acredito que sem fazer a música perder muito de si. Num sei, impressões minhas... Digam depois o que acham.

terça-feira, 10 de março de 2009

...som na esquina...

Mais um post musical. Não, não estou perdendo as raízes, na verdade, voltando a elas, já que a idéia era falar não só de artes plásticas.
Clube da Esquina é para mim o melhor disco brasileiro de todos os tempos. Sem dúvida alguma. Fui apresentado a ele pelo Gabriel Garbulho (aquele do post Voz como instrumento, mais abaixo), e fiquei ouvindo-o diariamente por mais de 6 meses, ate que meu estágio não mo permitiu mais.

Mas cada vez que ele toca, é algo magnânimo. Nas próprias palavras do Gabriel, "é um disco indigesto". É extremamente seco, não possui grandes devaneios instrumentais, mas apenas pontos precisos, focados numa musicalidade bem brasileira (ou para ser mais exato, mineira). A capa do disco já é de tirar o fôlego, levando-se em conta que foi a primeira aparição de Lô Borges (com apenas 17 anos!) junto de Milton Nascimento (já internacionalmente consagrado). Não há nada escrita na fronte, apenas esses dois garotos sentados na beira da estrada, esperando sabe-se lá o que, mas conscientes do mundo e daquele que os fotografava. O leve riso do pequeno contrasta com a carrancudice do maior, bem como seus tons de pele, bem como a voz de Milton Nascimento e de Lô Borges.

E de todas as músicas, apenas uma foi composta por ambos: Clube da Esquina nº2.

A 11ª de 21 faixas é a música que divide o album em dois, e é a mais bela de todo o disco, mesmo sem letra alguma (e olha que nele encontramos músicas do nível de Trem Azul e Paisagem da Janela): para mim, é o conceito e resumo do que é alegria.

Um arrastado violão em Dó no fundo,
uma leve percusão,
um claro chocalho,
e acima de todos,
duas vozes cantarolando em uníssono: Milton e seu Violão...
Nada mais...




Acima, a versão letrada da música na voz de Lô Borges.

Aqui, link para o site do Milton Nascimento, com um trecho da música.


ps.: domingo agora, dia 19 de abril, tive a enorme honra de assistir no sesc pinheiros ao show do Lô Borges especial Clube da Esquina, tocando com uma participação mais do que especial de Milton Nascimento... Não tenho palavras...

segunda-feira, 9 de março de 2009

...ano novo?...

Pois é... mais uma vez aquele veemente desejo de ano novo de mais posts se vai pelo ralo... (Mas devo confessar que é por estar com muitos trabalhos para fazer! E isso monetariamente me agrada, e tambem culturalmente, pois vários me fizeram crescer em alguns pontos. Usarei em breve um deles para aplicá-lo numa análise artística. Design e arte ainda caminham lado a lado, embora não mais de mãos dadas).

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

...assim como é...



Esse é mais um daqueles posts rápidos. Como fazia um tempinho que num postava alguma coisa de música, aqui vai um excepcional clássico da música de Pat Metheny. O album inteiro vale a pena, mas essa é a que mais gosto. Chama-se April Joy (talvez seja por isso é minha favorita... Eu nasci em abril...). Nem me atrevo a comentar...