quarta-feira, 5 de novembro de 2008

...imagem temporal...

Esse será por certo um post que foge do conteúdo habitual... Não vou dizer que não falarei de arte, pois o vejo como tal. Mas será algo mais pessoal, que me impeliu a escrever... Trata-se de algo que me tocou quando vi uma imagem e que me fez pensar e rever algumas coisas. Aqui está ela (espero não ser processado pelo autor...)


Não é uma pintura, nem uma gravura, nem um desenho à mão de genero algum, nem mesmo uma fotografia, mas uma imagem 3D (fora esse paradoxo nominal, é isso mesmo). O leitor pode se perguntar o motivo dessa imagem, e ñão qualquer outra coisa de arte contemporânea. Bom, como disse antes, isso me obrigou a escrever, não tive escolha... A imagem por si fala bastante já, mas o texto acompanhante acrescenta algo a ela:

"When i was little guy, i usually went on my vacations to one small city called Itobi (São Paulo – Brazil) with 8.000 habitants, in my aunt´s house.
After 9 years, i come back this one to enjoyed a weekend, and then i has a nice idea!
In the truth, i was thinking about my life, how fast the time passes, and how long the things changes, then i decided to make this work."

Impressionante, não? O que essa imagem mais me tocou é quanto a essa poesia absoluta de correspondência entre seu conteúdo e sua descrição. A sutileza é algo que a torna ainda maior. O autor, Pedro Conti (o leitor atencioso vai perceber que é ele também o dono das fotos da performance dos irmãos guimarães logo abaixo), da mesma maneira que eu fui impelido a escrever sobre essa imagem, foi também impelido a fazê-la. Como que uma necessidade. As imagens que possuimos da nossa infância, adolescência, ou qualquer das fases, são algo de muito forte e precioso, pois fazem parte da nossa inscrição na realidade, da nossa atuação no tempo e espaço, por menores que tenham sido. E que forma melhor de perpetuar esses traços que não nossa própria impressão a respeito deles? Uma fotografia pode dizer muita coisa. Pode alocar no tempo o ocorrido, pode precisar as pessoas presentes, ou qualquer outro fator visual naquele momento, mas ainda assim, seu fator subjetivo 'e reduzido se comparado com uma produção manual e pessoal, vinda da alma, e não dos sentidos, não do racional. E é justamente isso que me chamou a atenção nessa imagem e me incomodou: o que eu faço para perpetuar de maneira íntegra os sentimentos e emoções dos momentos marcantes da minha vida? e o leitor?

Sobre a imagem em si, há muitos os pontos que descrevem esse momento pessoal que tornam extremamente viva a vivência a que o autor nos quis passar: a bicicleta ao canto da casa, pequeníssimas aves ao fundo do céu, uma pequena pipa sobrevoando e tudo observando, e o mais forte de tudo, dois pés de chinelo estirados no chão, a formar um gol, característica fortíssima da capacidade criativa das crianças, e uma bola mucha, mas que isso tanto faz... Mucha ou cheia, o resultado é o mesmo... Diversão.

O modo como essa sensação foi exposta foi algo sublime. De tal forma que, como eu disse, eu TIVE que escrever... E aqui está.

Um comentário:

Pedro Conti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.