quarta-feira, 29 de abril de 2009

...espaços amplos...

Um assunto que nunca abordei é arquitetura... Talvez pela minha incompetência no campo, mas não pela falta de interesse. Enfim, hoje será um teste... Como esse blog o é por sí, um grande campo de testes de bobagens que escrevo, estamos assim em casa.


O edifício que escolho para uma breve análise é o Masp da Lina Bo Bardi, construido em 1968, com um espantoso vão livre de 70 metros, tombado. A Wikipédia traz bastante informação sobre o prédio e sua história (embora eu não goste lá muito dela).

A análise que faço é na verdade baseada na análise que fez Lucrécia Ferrara no seu livro Design em Espaços. A verdade é que é a melhor análise de arquitetura que já lí sobre, em especial sobre o prédio e sua interação com o local.

É bastante claro que o prédio se difere radicalmente do restante da arquitetura da avenida Paulista. Uma avenida que representa o progresso nacional, com prédios assinados pelos mais importantes arquitetos brasileiros, que também abriga o Conjunto Nacional, o primeiro edifício modernista de grande escala nacional. E é nesse universo que o edifício de Lina se acomoda: dentro da representação brasileira dessa movimentação mundial, que foi o modernismo.

O prédio se caracteriza pelo seu grande vão horizontal, os já comentados 70 metros. Esse grande vão cria a característica magna do prédio, que é a horizontalidade: um edifício de poucos andares, uma parte subterrânea, com uma área de vivência perfeitamente apropriada pela população, tanto como ponto de encontro, como ponto de manifestação. Essa horizontalidade conversa de modo grandioso com o próprio ambiente ao redor do prédio e a arquitetura da avenida: enquanto a maioria dos prédios apresentam sua imponência pela verticalidade, o MASP se apresenta na horizontalidade, servindo de contraponto à monotonia dos demais. Ao mesmo tempo, a verticalidade dos prédios os apresenta como estacas, postes, ou qualquer coisa fincada no chão. Novamente, o contraponto do prédio é esse espaço completo aberto que Lina coloca: uma janela para o que está atrás dele, criando um respiro na grande parede que é um quarteirão da Paulista. O prédio é o antagonismo do paradigma de edifício urbano, e talvez por isso contenha um significado extremamente forte: ser um edifício cultural se apresenta tanto pelo conteúdo quanto pelo seu projeto arquitetônico, que o contrapõe aos outros edifícios empresariais do coração econômico do país.

Aqui, link para o site do MASP.

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