quarta-feira, 2 de julho de 2008

...acontecimentos artísticos...

Serão dois os artistas de hoje: Eduardo Srur e Brígida Baltar.


Brígida Baltar é uma artista que apresenta ao observador momentos comuns. São ocasiões cotidianas, como ações inusitadas. O trabalho ao lado chama-se A Coleta da Neblina, de 2000. Sua ação é coletar pontos de neblina, e, não só guardá-los, mas colecioná-los, uma vez que realiza essa performance desde a década de 90. A poesia está na simplicidade do ato. Ao se coletar um punhado de ar, e armazená-lo numa coleção, perpetualiza-se o momento como numa fotografia. A obra, no entanto, não encontra-se nos frascos ou nas fotos, essas são apenas índices desta. A obra é a ação da artista. A simples ação de fugir da estrada cotidiana e embrenhar-se por uma vereda paralela, mas muito mais interessante. O momento é quase que catártico, pois trata-se de um acontecimento extraordináriamente simples. Magnanimamente pequeno. E, o mais importante, ao alcance de todos.

O segundo artista é Eduardo Srur. O trabalho ao lado chama-se Sobrevivência, 2007, e muita gente deve se lembrar dele. Trata-se de uma intervenção urbana , como a maioria dos trabalhos do artista,feita no centro da cidade de São Paulo que de forma inusitada apresenta ao transeunte uma visão surreal e cômica, inesperada no contexto urbano, ou em qualquer outro. Estátuas fundidas, com figuras altivas, gloriosas, com coletes salva vidas no pescoço.


A mensagem é bastante clara, talvez por ser divertida. Deixa de tal forma o observador inquieto e atordoado que o força a pensar no evento.

Agora, porque a escolha desses dois artistas? Qual a semelhança entre eles? Como explicita o título do post, são ambos acontecimentos artísticos. Enquanto a proposta de Brígida é mais íntima, mais de ação, de transformação, a obra de Eduardo é coletiva, surpreendente, chocante, e reflexiva. Mas ambos são acontecimentos, que propõem mudança, e que só podem ser registrados por fotos ou filmagens, mas nenhum dos dois modos pode superar o modo mais antigo e fácil de armazenar fatos, que é a lembrança. A impressão que só acontece no momento em que se observa e vive o fato, que nenhuma mídia pode passar, é a idéia central de um acontecimento desses. Não sei dizer se chegam a ser happenings, mas o fato é que, por se tratarem de ações localizadas no tempo e em espaço determinado, são únicas, e pessoais.

Aqui o link para mais obras e ótimos textos de Brígida.
Aqui, link para mais trabalhos de Eduardo Srur.



Nenhum comentário: