quarta-feira, 30 de abril de 2008

...objetos expressivos...

Não estou postando tanto quanto queria e deveria, mas... Vamos que vamos! Prometo no próximo post colocar algum artista português, já que Portugal tem entrado razoavelmente bastante nesse deficiente blog. Por enquanto, voltemos ao minimalismo.

Pode-se considerar Jasper Johns como um dos pais do minimalismo, junto com Robert Rauschenberg, artsta comentado em post anterior. Ambos bastante influenciados por John Cage, trabalham com um tipo de arte chamada Assemblages, que são colagens com elementos tridimensionais. Essa obra ao lado,
target with four faces, junto com a bandeira americana são as mais conhecidas obras de Johns. Sua obra influenciou fortemente a pop art, assim como o minimalismo, mas ele mesmo não fez parte de corrente artistica nenhuma.

O ponto de contato entre John e o minimalismo está como que na "dessacralização"da obra de arte. Johns cria objetos, abre mão da pintura pura, ou da escultura pura, assim como o minimalismo. No entanto, coloca em sua obra seus traços pessoais, afinal, seus alvos são pintados à mão, assim como seus elementos 3D. O minimalismo, pelo contrário, joga a execução da obra à indústria, pois querem a padronização e a serialização.

No trabalho acima efetua essa mistura de elementos, colocando juntos um alvo pintado por ele mesmo e quatro rostos de pessoas moldados em gesso. Embora há quem diga que o próprio artista disse não haver significado algum por trás do trabalho, este acaba remetendo a coisas que podem ser interpretadas e oferecer um sentido maior ao trabalho.

Na parte superior, quatro rostos. O que chama a atenção é não possuirem olhos, tornando-se rostos "assexuados", e inexpressivos. Acabam contrastando com o alvo abaixo, que por possuir os traços do artista, ganham grande expressividade, extravasando o que seria um simples alvo, onde se atiram dardos, e de certa forma, ironizando o expressionismo abstrato americano. Ironizando porque, ao trabalhar com a expressão, John a utiliza num "elemento" geométrico e frio como um alvo, algo por si inexpressivo. Mistura seu mundo subjetivo ao objetivismo convencional que se coloca num "alvo". E, o contrário do que colocava o expressionismo abstrato, onde a expressão é algo do homem e inerente a ele, John tira todo sentimento de seus rostos, tornando-os como que os próprios alvos: homens sem expressão não aparentam sofrer com as ações externas. Dardos jogados batem, prendem, furam, mas aparentemente não mundam sua condição geral, a não ser que se olhe de perto, onde marcas permanecerão indefinidamente. Assim, a verdadeira expressão humana não esta propriamente na sua exteriorização, pois exteriorizar algo subjetivo é tentar objetivar o sentimento. A verdadeira expressão está dentro do homem, e lá permanece.

Para mais sobre John, vale entrar no site do MoMA.

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