quinta-feira, 3 de abril de 2008

...paradoxo do espaço...


José Spaniol, artista brasileiro nascido em 1960 e formado em 1982 pela FAAP, é um artista daqueles que sua linguagem se encontra num grupo solitário: a dela mesma. Com uma vasta gama de abordagens artísticas, com diversos materiais, escalas, etc, possui uma unidade formal/conceitual consigo mesmo, sendo difícil classificá-lo num grupo. Mas não é de classificações que a arte vive. Mas de obras de grandes artistas.

Colunas, de 2003, é um fabuloso trabalho que prefere se manter como que escondido ao invés de roubar a cena. Segundo o próprio artista, ao ser convidado para expor nessa sala, já sabia o que faria com ela: a sala possuia 6 colunas desalinhadas e aleatórias, que há muito incomodavam o artista do seu propósito de ser daquela maneira. Então resolveu fazer nela Colunas. Acrescentou mais 30 colunas à sala, tomando o cuidado de deixá-las visualmente idênticas às já exitentes na sala. O resultado é um trabalho que some. Camufla-se sem chamar a atenção a si, mas a outros elementos da própria sala.
Comparo essa obra à famosa Coluna Infinita, de Brancusi. A diferença está na ordem das palavras: não culunas infinitas, mas infinitas colunas. Diferente do gigante mastro a céu aberto, as colunas de José Spaniol se restringem a uma sala, não ligam o céu à terra, idéia do infinito, mas sustentam uma área já humanizada, e atuam no sentido de mantê-la habitável. Mantém-se no plano real e não numa tentativa espiritual. Não tenta elevar o olhar do observador ao alto, impressionando-o com algo magnânimo, mas o força a observar simplesmente o espaço, justamente pelo fato de sua "presença ausente". Um paradoxo apontado pelo artista é o de que "quanto mais colunas, mais vazio ficava o espaço", e quanto mais matéria se coloca, mais o imaterial se revela.
O trabalho chama atenção ao espaço, matéria própria dos minimalistas. O grande trunfo da obra de José Spaniol é que ele nos mostra algo já óbvio, mas que a ficha não costuma cair: o grande trabalho do espaço se faz através da arquitetura. A Arquitetura demarca o espaço te forma tão ou mais eficiente que qualquer obra minimalista produzida, pois condicionam de maneira inconsciente a vivência do homem, semelhante trabalho de Richard Serra, que em suas obras de certa forma "força" o espectador a ter uma reação inconsciente ao interagir com suas obras.
Para mais obras de José Spaniol, visite seu site.

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