terça-feira, 8 de abril de 2008

...a ordem do caos...

Eva Hesse, nascida em 1936 e falecida em 70, é uma das artistas que mais mudaram e contribuiram para o panorama artístico de sua época. Com trabalhos nos mais diversos suportes, com os mais diversos materiais, sepre buscava a transgressão do que a limitava na arte e na sociedade.

Acessão II, 1967 , é um trabalho que mostra bem a força da artista. Composto de uma caixa Galvanizada, com milhares de tubos de borracha atrelados à suas paredes, é geralmente interpretado com um "quê" de feminilidade, um algo como um útero, ou algo que o valha.
Em vida, a artista nessa busca pela individualidade na obra de arte questionava os "modismos" artisticos de seu período, ou seja, o expressionismo abstrato, minimalismo e arte conceitual, em linhas gerais. Ora, Acessão II (acessão: ato ou efeito de acrescentar, de aumentar; adição, união; Dicionário Houaiss) pode ser lida de certo modo como uma reação a essas correntes, não de reprovação, mas de questionamento.
A obra é constituida de um cubo aberto na área superior, com diversos tubos plásticos penetrados em suas paredes. Do ponto de vista dos materiais, são todos industriais, como na temática minimalista. Seu exterior é organizado de maneira bastante rígida, com linhas verticais e horizintais de "cabeças" de tubos plásticos, formando uma bela textura. No entanto, ao se observar do lado de dentro, impera a desordem, peças por sobre as outras, dependuradas, tortas, pendendo, eretas, etc, parecendo mesmo um paradoxo com relação à imagem exterior. Seria como que um questionamento do que se tem por "ordem" no universo minimalista, ou aleatório no universo expressionista. Ordem exterior nem sempre implica em ordem interior. E desordem interior não necessariamente se expõe como desordem.
Essa proposição deixa uma dúvida quanto à temática minimalista. Há autores que colocam o minimalismo como continuação do movimento moderno, onde a racionalidade é a base do trabalho. Há também a vertente daqueles, como Rosalind Krauss, que propõem o contrário: a ordem exterior vem do ambiente caótico interior. A obra de Eva Hesse acaba pondo em cheque esse racionalismo minimal, e essa aleatóriedade organizada. Ainda há que se chegar a conclusões melhores sobre o assunto, afinal, é para isso que estou na pesquisa (Meu Deus! Mais pergunta em aberto!...)
Por enquanto, conheçam mais da história da artista no site da UOL em sua passada pela nossa bienal.

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