Voltando à arte contemporânea, em especial ao minimalismo, mais especificamente no Brasil, tratemos do famoso Iran do Espírito Santo. O artista representou nosso país ano passado na Bienal de Veneza, e continua expondo mundo afora. Seu trabalho se calca bastante na percepção dos espaços, mais especificamente, em objetos e situações ordinárias, mas muitas vezes com metáforas bastante sutis e bem pensadas.
Copo d'Agua, 2006, é uma de suas obras mais famosas. O que se observa é a distorção visual que um objeto simples causa, um objeto cotidiano, ordinário, imperceptível senão num contexto como de uma exposição. E justamente é esse
contexto que nos permite perceber sua beleza. A transparência imaculada, a simetria absoluta, a ausência de qualquer ruído visual, a sombra projetada com um foco brilhante próximo à base, o molde da realidade de acordo com suas

próprias regras, a limpeza de forma, a serenidade da inexistência de movimento, e finalmente a simplicidade absoluta contida nele são alguns dos elementos visuais aos quais estamos expostos diariamente, e nem percebemos. Não há como passar desapercebido de obra tão paradoxalmente grande.
Lembra até mesmo o famoso trecho da música do Gilberto Gil, cantada por Chico Buarque, Copo Vazio, que diz:
"É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar."
Que um copo vazio
Está cheio de ar."
Tudo é ocupado por algo, preenchido, seja por matéria, seja por sentidos, significados, relações, ambos os casos modificando o atuar do homem no mundo. Uma forte ideologia trabalha sobre o homem tanto quanto uma pancada num galho de árvore. O mundo físico e o mundo subjetivo são faces de uma mesma moeda, sempre juntos, funcionando ao "acaso", influenciando-se mutuamente e propondo infinitas possibilidades de ação, ou ausência de.

Coloco aqui três links: um para seu espaço no site da Galeria Fortes Vilaça, outro para um texto em inglês sobre o artista, e um último para mais fotos de outra exposição do artista.
Um comentário:
Ola Eduardo. Gostaria de citar seu texto num artigo academico. Voce tem lattes? Obrigada!
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