quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

...futuro do presente...



Está rolando no Itaú Cultural uma exposição de arte contemporânea intitulada "Futuro do Presente", com curadoria de Agnaldo Farias e Cristiana Tejo. Reune obras de dezessete artistas nacionais do mais alto calibre, com trabalhos fantásticos.

Sem Título, 2007, de Henrique de Oliveira, é um dos trabalhos que mais chamam a atenção dos visitantes, talvez pelo tamanho da instalação, talvez pela sua aparência, quem sabe? O fato é que o artista apodera-se de materiais de rua, como compensados de construções, e outras madeiras, montando um túnel onde o espectador adentra-se, e caminha por entre algo que parece uma concavidade corporea, de dimensões gigantescas. Ao pintar suas bordas de branco,o artista incorpora a instalação na arquitetura da sala de exposições, local usualmente limpo e neutro. De uma maneira Duchampiana, o artista aborda um aspecto ambiental, como vários outros na exposição, transformando o lixo, ser inanimado e apodrecido, em um ser de formas orgânicas, e o mais incrível, que chama a atenção do público e o convida para sua intimidade, para seu interior, seu conteúdo, coisa que o lixo em si dificilmente o faria. Assim, o material perde sua característica primordial de refuto apenas por estar num ambiente onde se espera encontrar arte e não lixo, embora mantenham-se suas características visuais e odoríficas.

A exposição segue até dia 10 de fevereiro, no Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, metrô Brigadeiro. Site http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2799&CFID=1818192&CFTOKEN=61416113 .

2 comentários:

Bruna Kim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruna Kim disse...

du, qdo vc diz "de uma maneira Duchampiana", vc se refere a escolha dos materiais?

achei legal suas impressões sobre a instalação, o aspecto do lixo e talz.. entranhada no meio do Itaú, ela praticamente nos transporta para outro espaço, sem que esqueçamos aonde estamos... acho muito isso raro numa instalação... eu quase sempre sinto que estou no meio numa cenografia..
e senti tudo bastante denso, pesado, ouvimos o grunhir da madeira com nossos próprios passos, é como sentir o nosso peso.. e as paredes sufocam, tortuosas.. mas eu ainda não consegui dar um sentido maior para tudo isso..

cara, vc precisa, mas precisa mesmo -mesmo conhecer as instalações do Cildo Meireles.. surreal..

bruna kim