sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

...cão/leão...


Raul Mourão é um artista nacional atuante desde 1991, com uma vasta gama de tipos de trabalhos, desde desenhos, esculturas, até video arte (acima), que é o assunto do post. Em seu site, Raul dá uma pista do que se trata o vídeo, e o disponibiliza para download integralmente. A análise que farei aqui é da versão do YouTube, portanto, uma versão reduzida, mas que pelo fato de estar inserida num contexto diferente (no caso, no maior site de Vídeos do planeta), ganha levemente um algo a mais. No entanto, o que está escrito aqui são impressões minhas, não quer dizer que o autor os tenha formulado, nem queira dizer dessa maneira.

O vídeo possui cerca de 3 minutos, que são três minutos de uma perseguição a um cão que, claramente, se sente... atormentado pela fimagem. Possui um quê de Paparazzo, afinal o take é feito mesmo contra a vontade do cão, e publicado num site onde é observado despudoradamente por quem quiser assistí-lo, e quantas vezes quiser. Assim, como é colocado pelo artista, tem seus 15 minutos de fama, embora não o pareça querer, chegando a, com um ar de famosidade, ameaça atacar o responsável pela filmagem. A crítica está justamente àquele que filma e àquele que assiste. O cão não tem culpa: vive como aprendeu, e queria continuar como estava. Embora personagem de histórias, famosas ou não, não quer alguém no seu encalce.


E por estar postado no Youtube, misturado a milhões de outros vídeos dos mais diversos gêneros, deslocado de onde se espera por encontrar arte, ou seja, num museu ou galeria, vem a pergunta: para alguém que o visse sem querer, navegando a esmo, seria possível identificá-lo como obra de arte? Afinal, o que faz algo ser uma peça artística ou não? É seu lugar de exposição? É seu conteúdo? É se seu autor o afirma como tal? Num mundo como o de agora, onde as mídias se confundem, e é possível de as acessar a cada momento de qualquer lugar, como distinguir um trabalho de arte de algo que não é? Esse tema é colocado por Nelson Leirner em seu trabalho Jornal do Não Artista, 2007, também da exposição Futuro do Presente, e é um grande debate no meio artístico contemporâneo.

Apesar das indefinições, o pensar sobre o trabalho já traz uma série de benefícios e tanto. Vale também conferir o blog do artista para conhecer mais sobre o que ele pensa e outros trabalhos.

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