terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

...Oscar Wilde...

Hoje não postarei nenhuma análise de obras de arte. Mas um texto muito bom que está no prefácio do livro O Retrato de Dorian Gray que esclarece bastante o lance de arte, artista e crítico. O livro já vale pela introdução.



"O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte.
O crítico é aquele que pode traduzir, de um modo diferente ou por um novo processo, a sua impressão das coisas belas.
A mais elevada, como a mais baixa, das formas de crítica é uma espécie de autobiografia.
Os que encontram significações feias em coisas belas são corruptos sem ser encantadores. Isso é um defeito.
Os que encontram belas significações em coisas belas são cultos. Para esses há esperança.
Existem os eleitos, para os quais as coisas belas significam unicamente Beleza.
Um livro é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo.
(...)
A vida moral do homem faz parte do tema para o artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. O artista nada deseja provar. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
Nenhum artista tem simpatias éticas. A simpatia ética num artista constitui um maneirismo de estilo imperdoável.
O artista jamais é mórbido. O artista tudo pode exprimir.
Pensamento e linguagem são para o artista instrumentos de uma arte.
Vícios e virtudes são para o artista materiais para uma arte.
Do ponto de vista da forma, o modelo de todas as artes é a do músico. Do ponto de vista do sentimento, é a profissão do ator.
Toda arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que buscam sob a superfície fazem-no por seu próprio risco.
Os que procuram decifrar o símbolo correm também seu próprio risco.
Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.
A divergências de opiniões sobre uma obra de arte indica que a obra é nova, complexa e vital.
Quando os críticos divergem, o artista está de acordo consigo mesmo.
Podemos perdoar a um homem por haver feito uma coisa útil, contanto que não a admire. A única desculpa de haver feito uma coisa inútil é admirá-la intensamente.
Toda obra de arte é completamente inútil."



Como sempre, um link para aprofundar no assunto.

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