sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

...peles e aberrações...

Na exposição Sk-interfaces o visitante poderá conhecer até onde consegue "engolir" arte. Trata-se de uma exposição onde artistas criam aberrações com pele tanto humana quanto animal, em tecidos às vezes híbridos, ou enxertados, etc. Pelo tom da minha descrição é possível perceber minha opinião a respeito do que se está fazendo.

Com propostas fortes, a exposição choca o visitante. O modo como fazem suas obras, de certo modo brincando com a dinidade do corpo humano, é o que causa a repulsa dos que conhecem os trabalhos. Muito do que falam é bastante claro, mas a força de suas atitudes mesmo assim parecem desproporcionais.


Um exemplo do que se fará é a obra dos artistas Marion Laval-Jeantet e Benoît Mangin, que criaram um tecido híbrido de células humanas e suínas. Com o tecido tatuado com algum desenho, a obra se consuma com o enxerto de tais trabalhos no corpo do colecionador, para que este possa "vestir e absorver as obras". Ora, está claro que trata-se muito mais de uma crítica que de uma obra apreciativa, afinal aquele que resolver receber em si o tal tecido mostrará que coloca a arte acima do patamar que esta deveria estar: deixa de ser elemento para fruição, ou do pensar a vida, para tornar-se um "deus-arte". No mesmo sentido, porém diametralmente oposto ao que a exposição mostra é a adoração que se faz ao redor da Monalisa, de Leonardo DaVinci. A obra torna-se uma coisa que deixa de tratar do mundo, perde sua "função" de intermediário entre realidade objetiva e subjetiva para tornar-se fim de posse. Diviniza-se a tal ponto que deixa de ser saudável, e é o que acontece com esse mix humano-suíno. Chegar ao nível de aplicá-lo ao corpo demonstra total irresponsabilidade para com o mesmo e total irracionalidade. Eu diria que a obra se consuma sim no enxerto do tecido ao corpo do colecionador, mas não para se "vestir e absorver a obra", e sim para demonstrar a ignorância e insensibilidade daquele que a recebe, sem que se tenha consciência disso.
Para conhecer mais sobre a exposição, leia o artigo da BBC Brasil a respeito.

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