terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

...meticulosamente desalinhado...

James Siena é daqueles artistas que, sem conhecer um pequeno panorama da arte moderna, seriam indecifrável. Ainda atuante, o artista possui influências fortes e claras do expressionismo abstrato, da arte de rua e do minimalismo americano.

Essa tela, Global Key in Four Colors, de 2004, é uma boa escolha para análise. Possui uma ligação com a arquitetura, já que assemelha-se com uma cidade vista de cima, mas não deve ser lido dessa maneira. Sua relação com a arquitetura é mais racional que visual: sua tela é constituida de quadrados dentro de quadrados, subconjuntos do mesmo elemento. Possui uma linguagem formal que remete à repetição de sistemas: casas sobre casas, dentro de casas, acima de casas, multiplicadas, somadas, subtraidas, mas todas casas.
Observando-se atentamente, além de repetir-se um dentro do outro, os quadrantes são constituidos dos mesmos conjuntos de sistemas: numerando no sentido horário a partir do superior esquerdo de 1 a 4, o quadrante 4 é igual ao 1, espelhado verticalmente e horizontalmente. O mesmo os pequenos subconjuntos se repetem a cada quadro: um inteiro, a metade, a metade da metade, etc... Essa característica da repetição e da modulação pertence ao minimalismo americano, comentado brevemente no post sobre Flavin. Outro elemento que o liga ao movimento americano é sua rigidêz formal: embora feito com traços livres e desalinhados, o quadro é feito sobre uma rígida malha construtiva. Primeiro quatro, depois cada quarto em quatro, e assim por diante. Daí vem o nome do quadro: Global Key, como uma "Chave Global", numa tradução literal: o mundo constitui-se de sistemas e subsistemas, todos feitos da mesma "matéria prima" (o homem e suas inter-relações), sendo que isso pode ser estendido para outras áreas (arquitetura, cultura, biologia, citologia, etc...), sem acabar sendo simplista, pois se acaba dando bastante input para o pensamento.
Não existem sites em português sobre o artista, portanto, segue link para um artigo do New York Times.

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